Silvia Alicia Martínez |
Ao longo da década de 1980, a história cultural foi atravessada por debates que respondiam a insatisfações que a história cultural francesa das décadas de 1960 e 1970 vinha despertando entre os historiadores, que viam nela os limites próprios da história das mentalidades e da história serial da época. Nesse contexto, Roger Chartier (1990) desenvolveu estudos que abordaram, dentre outros temas, a análise crítica de textos –ordinários ou literários, reconhecidos ou esquecidos-, a história dos livros e de todos os objetos impressos que comunicam por meio da escrita ou da imagem e, ainda, a análise das práticas que se apropriam dos bens simbólicos produzindo usos e significações diferenciadas. Já nos anos de 1990, o historiador francês considerava que o principal objetivo da história cultural era o de indicar como - de forma diferente segundo os lugares e os tempos - as realidades se constroem, se apresentam para a leitura ou para o olhar, e como são apreendidas. Um dos pressupostos subjacentes a esta perspectiva é que as representações do mundo social se sustentam sempre nos interesses dos grupos que as forjam. Depreende-se daí que as lutas entre as classes (e também de gênero, raça e/ou credo) são lutas de representação, pondo em conflito as imagens que os grupos ou poderes acreditam dar de si mesmos e as que, contra a sua vontade, são impostas pelos seus competidores. As percepções do social, portanto, não são discursos neutros, geram estratégias e práticas (sociais, escolares, políticas) que tendem a impor uma autoridade aos outros, a quem desqualificam; legitimam uma dominação e justificam suas eleições e condutas perante os mesmos indivíduos. A esta perspectiva, outras foram se somando. Darnton (2001) apud Castillo Gómez, A. (2003) considera que os sistemas de comunicação, a cultura e o mundo simbólico não podem ser pensados como se bastassem a si próprios, mas como uma língua através da qual o poder, as relações sociais e a economia se expressam. Dessa forma, ele pensa a cultura integrada profundamente no corpo social. Dentre as formas específicas da história cultural, encontra-se a história da cultura escrita, que centra seu objetivo na interpretação das práticas sociais de ler e escrever (Castillo Gómez, A., 2003). Portanto, os objetivos e temas da história cultural são mais amplos do que os da história da cultura escrita. A respeito, Castillo Gómez (2003) afirma que: |
"Reconstruir as conexões entre as diferentes materialidades do escrito, para compreender seu significado global numa determinada sociedade, se apresenta como referência fundamental do que deve ser a história da cultura escrita. Ela pode ser entendida como a conjunção de três histórias que tinham avançado em paralelo: a história das normas, das capacidades e dos usos da escrita; a história dos livros ou, mais amplamente, dos textos manuscritos e impressos (e eletrônicos, haveria que acrescentar); e a história das formas de ‘ ler’” (p. 28). |
Nesse sentido, convém destacar que os historiadores da educação têm se debruçado, nos últimos anos, sobre o estudo da escola, entendida não só a partir dos dispositivos legais que a normatizavam, mas também a partir das práticas cotidianas que exerciam e dos materiais que utilizavam/produziam. Segundo Magalhães (1998), |
“No plano histórico, uma instituição educativa é uma complexidade espaço-temporal, pedagógica, organizacional, onde se relacionam elementos materiais e humanos, mediante papéis e representações diferenciados, entretecendo e projetando futuro(s), (pessoais), através de expectativas institucionais. É um lugar de permanentes tensões [...] são projetos arquitetados e desenvolvidos a partir de quadros sócio-culturais” (p. 61/62). |
Este novo olhar sobre a escola, fruto das discussões dos historiadores da educação inspirados nos avanços teóricos da história cultural, tem possibilitado a incorporação do estudo de novos objetos, significativos para a compreensão do funcionamento interno dessa instituição. Esses objetos, como é o caso, por exemplo, das disciplinas escolares, são analisados não apenas do ponto de vista do conteúdo como também dos materiais e das metodologias empregados para seu ensino (Julia, 2001; Vidal, 2004). Vale lembrar aqui palavras de Vidal (2004) quando afirma que se torna "impossível compreender a história da escola primária se não são questionados os desafios materiais e práticos que a escola teve que enfrentar" (p. 17). O ensino da escrita é uma das problemáticas que tem canalizado, também, esses estudos. O presente texto se insere, precisamente, na perspectiva da história da cultura escrita. Tenta entender, por um lado, as estratégias de divulgação, pela imprensa periódica, de uma nova prática de escrita -a caligrafia vertical- e, por outro, o efeito produzido por essa inovação na tradição escolar. Pretende contribuir, ainda, com os estudos sobre o ensino da caligrafia nos primeiros anos da república brasileira, relatando a experiência vivida em Campos1 , cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro. O texto retoma reflexões de Luciano Mendes Faria Filho, Diana Vidal, Silvina Gvirts, dentre outros, que tratam do ensino da caligrafia como uma prática escolar que se materializa não apenas com o controle do corpo e dos movimentos infantis, mas que, sobretudo, expressa um momento particular na história social, política e educacional do Brasil2 . Para entender a caligrafia que era ensinada no cenário fluminense da época, se utilizam dois documentos que datam de 1915, produzidos por dois professores campistas. Analisam-se, portanto, dois discursos. O primeiro deles, um artigo reproduzido em 9 de maio (Parte 1) e em 11 de maio (Parte 2) do ano de 1915, na Coluna Ensino Primário do jornal Monitor Campista,3 reflete a defesa da Profª Antonia Ribeiro de Castro Lopes4 , diretora de escola primária da cidade de Campos, da introdução do ensino da caligrafia vertical nas escolas do estado do Rio de Janeiro. O segundo, em forma de “carta-resposta”5 , foi dirigido pelo professor de Caligrafia da Escola Normal de Campos6 , Carlos Hamberger7 , ao Diretor do mesmo Instituto, no ano de 1915. Nesse documento, o professor defende a tradição e a manutenção do ensino da caligrafia inclinada nas escolas. Em que esses dois discursos se aproximam? Em que se afastam? Que conhecimentos pedagógicos constroem? Que preceitos de saúde e higiene manifestam? De onde falam e a quem se dirigem os dois professores, contemporâneos, ambos docentes de tradicionais escolas campistas? Indícios8 de um debate sobre as novas práticas de escrita para a escola primária, no Estado do Rio de Janeiro, nos primeiros anos do século XX Dada a originalidade e a importância dos mencionados documentos, o artigo da Profª Antonia Lopes (1) e a “carta” do Prof. Carlos Hamberger (2), como fontes privilegiadas de pesquisa, optamos por transcrevê-los na íntegra. Posteriormente, teceremos alguns comentários, tentando responder aos questionamentos feitos acima.
(1)- MONITOR CAMPISTA, 9 DE MAIO DE 1915
“Sob o titulo - EM PROL DO ENSINO PRIMARIO, - a distincta professora D. Antonia Ribeiro de Castro Lopes, directora da Escola Complementar 15 de Novembro, desta cidade, escreveu o seguinte ao “Jornal do Commercio”: MONITOR CAMPISTA, 11 DE MAIO DE 1915, Pagina: Capa
“Conclusão do artigo sob o titulo - EM PROL DO ENSINO PRIMARIO, - da distincta Professora D. Antonia Ribeiro de Castro Lopes, directora da Escola Complementar 15 de Novembro, e publicado no “Jornal do Commercio”. (2) Em carta-resposta ao Diretor do Liceu e Escola Normal, o Prof. Hamberger escreve: “Illmo Sr. Director da Escola Normal de Campos. Para corresponder ao pedido de V. Sª e na qualidade de professor de Calligraphia e Desenho deste Estabelecimento, sobre o metodo de escrita vertical redonda do Sr. A. Teixeira, adoptada no curso primario do Estado de Minas, venho ponderar o que a pratica do ensino simultaneo de Calligraphia e Desenho durante 18 annos fez-me observar.
Em todos os tempos a linha vertical e as curvas derivadas da circumferencia foram consideradas excessivamente difficeis de serem executadas com rapidez, perfeição e symetria, razão por que o calligrapho francez Barbedor, depois de ter inventado o caracter Ronde para substituir o gothico antigo, ora empregado no uso commum, e cujo typo de lettra foi adoptado pelo parlamento francez como typo nacional, em vista das difficuldades que offerecia na sua formação, estabeleceu a lettra deitada, que elle levou para a Inglaterra que, reconhecendo a sua vantagem, empregou-o para a sua escrita commercial, o que lhe valeu o nome de lettra ingleza.
Ao analisar os dois discursos apresentados, podemos observar algumas similitudes, principalmente na argumentação, que se apóia tanto em observações empíricas – fruto da longa experiência de trabalho de cada um deles - como em trabalhos científicos. Ambos, também, apelavam aos conhecimentos pedagógicos numa perspectiva internacional, principalmente européia, embora Antonia Lopes afirmasse conhecer -além do método usado no "progressivo estado" de São Paulo - também o que ocorria em alguns países latino-americanos e no Japão e baseasse parte do seu discurso em leituras de revistas especializadas. Os dois, ainda, apelavam à história da caligrafia para justificar o uso da letra que cada um defendia. Por último, ambos apoiavam sua argüição num discurso eminentemente médico, amparado em preceitos de saúde e higiene. Caligrafia vertical, ou caligrafia inclinada? O discurso escolar higienista Faria Filho (1998) afirma que a discussão sobre o uso da escrita vertical na escola primária mineira era, no início do século XX, uma preocupação de educadores e médico-higienistas, dentre outros profissionais, de muitos países ocidentais.A abordagem propiciada pelos documentos produzidos pelos dois professores de Campos, na mesma época11 , nos remete, portanto, a um movimento fortemente presente no Brasil da época, qual seja o movimento higienista. Julgamos relevante apontar, nesse trabalho, algumas considerações sobre o discurso escolar higienista que, desde finais do século XIX, interferiu profundamente na nova organização proposta para a escola e em suas práticas pedagógicas, dentre elas a escrita. Ajuda-nos nesta tarefa o livro do Dr. J. P. Fontenelle, Doutor em Medicina, Inspector Sanitário do Departamento Nacional de Saúde Publica e Docente de Hygiene da Escola Normal do Districto Federal, intitulado Compendio de Hygiene, publicado em 3ª edição em 1930. No item denominado Methodos de escripta, assim se expressa: |
“Dois são os methodos de escripta geralmente adoptados: a escripta inclinada ou obliqua e a escripta direita ou vertical. A “escripta vertical” era a primitiva, do tempo em que todos escreviam com penna de pato. Depois da invenção da penna de aço, que permittiu o trabalho de escripta bem mais rapido, foi muito natural que a escripta se inclinasse da esquerda para a direita, isto é, na direcção do movimento. Importada da Inglaterra para a França, teve a “escripta inclinada” o exito de tudo que é estrangeiro, passando a ser moda e diffundindo-se por toda parte. Taes foram, porém, os inconvenientes verificados pelos trabalhos de escolaridade, sobretudo no que respeita á escripta, que se desenhou um movimento procurando attenuar taes maleficios, movimento iniciado pela escriptora George Sand, que lançou a formula “papel direito, corpo direito e escripta direita”, adoptado, mais tarde, por varios congressos de hygiene escolar [...]. Para escolher qual dos dois methodos devemos preferir e recommendar nas escolas, precisamos attender á influencia de ambos sobre a columna vertebral e a apparelho da visão” (p.837-840). |
Após várias considerações baseadas nos movimentos do braço e da cabeça da criança durante o ato de escrever vertical e obliquamente, o médico atribui o grande número de crianças míopes “ao trabalho a curta distancia e continuado por muito tempo [...], à iluminação deficiente, aos livros impressos em caracteres muito pequenos ou pouco nítidos, à má posição do corpo durante a escrita e ao horizonte visual muito limitado” (pp. 430, 431). Diz, enfaticamente: “A escripta, na escola, póde [...] determinar a myopia si é feita em carteira defeituosa, ou em posição inconveniente, obrigando o alumno a abaixar demasiadamente a cabeça” (p. 431). Sobre as deformações observadas na coluna vertebral dos escolares, em especial a escoliose, assim diz: “a causa mais frequente da escoliose escolar é a attitude defeituosa mantida pelos alumnos durante os trabalhos na carteira, pelo que é até denominada doença profissional dos escolares [sendo] as escolas fabricas de myopes e de tortos” (p. 823). E acrescenta mais um dado à sua defesa pelo uso da caligrafia vertical ou simétrica ao relatar que “a circulação e a respiração fazem-se irregularmente, nas posições asymetricas, produzindo desastrosos effeitos sobre a saúde em geral. Especialmente em relação á perturbação da respiração” (p. 836). Apesar das recomendações do Dr. Fontenelle serem datadas de 1930, é preciso levar em consideração ser a obra consultada uma terceira edição, o que nos faz supor que as anteriores possam ser próximas da época em que Antonia Lopes publicou seu artigo em defesa da caligrafia vertical. Tomando parte do discurso da professora/diretora, |
“Crianças ha que entram para a escola perfeitas de lá sahem soffrendo da vista, myopes (em grande numero) ou trazendo a aberração da columna vertebral; correndo tudo isso por conta da posição obliqua da ‘caligraphia inclinada’. Além disso, a escripta inclinada obriga a descançar naturalmente o peso do corpo do lado esquerdo [...] comprimindo as costellas, obstando assim o bom funccionamentto do apparelho respiratorio” |
encontramos, nele argumento bem semelhante ao apresentado pelo médico: para a saúde física do escolar, a caligrafia vertical!
A coluna ENSINO PRIMÁRIO do Jornal Monitor Campista como estratégia de divulgação de idéias pedagógicas e como fonte de pesquisa para a produção de uma memória educacional – Considerações finais As referências a modelos de escrita adotados na França e na Inglaterra, usadas pela professora Antonia Lopes, assim como as experiências de São Paulo, são percebidas como argumentos para legitimar um discurso “renovador”. Tentam evidenciar modelos, teorias e experiências bem sucedidas, para sugerir a necessidade de mudança no ensino das escolas primárias públicas do estado do Rio de Janeiro. Demonstram, claramente, o alcance da circulação de idéias pedagógicas para além dos grandes centros urbanos do Brasil.Levando em consideração o que diz Fernandes (2004), que “a imprensa de educação e ensino pode ser destacada para a compreensão das formas de funcionamento do campo educacional” [...] e “a coluna do jornal pode ser percebida como espaço de confluências e disputas e também como lugar onde estão em jogo diferentes interesses que levam à construção do discurso pedagógico” (p. 164), este trabalho também se preocupa em abordar o uso da imprensa periódica como estratégia de propaganda de idéias renovadoras em educação. O tom de debate teórico e a proposta de mudança pedagógica sustentada por Antonia Lopes em seu artigo demonstram que a professora utilizava as páginas de um jornal de grande circulação na época como forma de difundir conhecimentos “resultantes da observação e conclusão da leitura”. Podemos inferir, portanto, que a mestra repetia, em Campos, uma prática usada a partir do final do século XIX nas grandes cidades12 . Escrever e tornar públicas suas idéias e reflexões sobre escola, ensino e aprendizagem evidencia a participação ativa da Profª Lopes na produção de um campo sócio-profissional, desde o momento em que considera que é competência do professor “proclamar, diffundir os methodos e processos mais vantajosos, as modificações e as inovações que a evolução pedagogica nos mostrar....”. Ao encontrar, ocasionalmente, o artigo da Profª Lopes, já que o que nos preocupava na consulta ao Monitor Campista era reunir dados sobre o cotidiano da Escola Normal de Campos13 , começamos a perceber a incidência de artigos sobre educação publicados no referido jornal, o que veio a ratificar a importância deste na propagação de um ideário pedagógico na cidade/região. Muitas das considerações a respeito da produção intelectual sobre educação e ensino em geral, nos primeiros anos da década de 1920 e sobre o movimento feminista, nos anos 1930, foram produzidas por Antonia Lopes através de artigos no Monitor Campista. Antes dos escritos da professora, ainda encontramos no jornal variadas matérias e colunas dedicadas ao ensino e uma preocupação constante com a divulgação e/ou crítica de reformas pedagógicas adotadas no Estado, evidenciando diferentes concepções de escola e sociedade. Portanto, indiscutivelmente, podemos afirmar que esse jornal tem desempenhado, na cidade de Campos, papel similar ao exercido pelas numerosas revistas que foram publicadas no Brasil, como por exemplo, a Revista de Ensino, em São Paulo, e a Revista Pedagógica, no Rio de Janeiro. Em relação aos efeitos inovadores que a denúncia da professora teve sobre as práticas de escrita na escola primária do Estado do Rio de Janeiro, ainda não chegamos a uma resposta conclusiva. Entretanto, como tentamos demonstrar ao longo do trabalho, constatamos que teve, sim, repercussões –ao menos no plano das idéias - em outro espaço escolar, aquele que se ocupava, precisamente, da formação das professoras primárias, mesmo que através de uma postura de resistência por parte do professor que ministrava a disciplina Caligrafia. Ainda, e enunciada em forma de hipótese, aventamos que a causa da retirada desta matéria de ensino do currículo do curso da Escola Normal de Campos, no ano de 1919, possa ter relação com este debate. Por último, queremos reiterar a importância das revistas, periódicos e jornais de grande circulação, assim como dos manuais, para os trabalhos de pesquisa em história da educação, ampliando o leque de fontes de investigação, e permitindo o contato com as idéias que circulavam, provocando debate, confronto, aceitação... enfim, conformando o âmbito pedagógico. Nesse sentido, reiteramos a importância do jornal Monitor Campista para a produção de uma memória da história da educação local. Bibliografia BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1990. CASTILLO GÓMEZ, A. Historia de la cultura escrita. Ideas para el debate. Revista Brasileira de História da Educação, SBHE, Campinas: Autores Associados, Nº 5, jan./julho 2003, pp 94-123. CHARTIER, R. La historia cultural redefinida: prácticas, representaciones, apropriaciones. Punto de Vista No. 39, dic 1990, pp. 43-48. GINZBURG, C. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo, Companhia das Letras, 1986, pp 143-179. FARIA FILHO, L. Ensino da Escrita e escolarização dos corpos: uma perspectiva histórica. In: FARIA FILHO, L. Modos de ler. Formas de escrever. Estudos de História da Leitura e da Escrita no Brasil. Belo Horizonte, Autentica, pp 29-46. FERNANDES, Ana Lúcia Cunha. A "santa causa da instrução" e o "progredimento da humanidade". Revistas pedagógicas e construção do conhecimento pedagógico no Brasil e Portugal no final do século XIX. Rio de Janeiro, PUC-Rio, Tese de Doutorado, 2004. FONTENELLE, J. P. Compendio de Hygiene. Rio de Janeiro: Canton & Beyer, 1930, 3ª ed. JULIA, D. A Cultura Escolar como Objeto Histórico. Revista Brasileira de História da Educação. SBHE, Campinas: Autores Associados, Nº 1, jan/junho, 2001. MAGALHÃES, J. Um apontamento metodológico sobre a história das instituições educativas. In: Práticas educativas, culturas escolares, profissão docente. II Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação, 1998. MARTINEZ, S.A. e BOYNARD, M. A. P. Atrás da Casa-Grande: memória, gênero e espaço escolar da Escola Normal de Campos (1894-1954). Anais do III Congresso Brasileiro de História da Educação: Educação escolar em perspectiva histórica. Curitiba, CDRom, 2004. MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Os Sentidos da Alfabetização. São Paulo 1876-1994. São Paulo: editora UNESP: CONPED, 2000. VIDAL, D e GVIRTS, S. O ensino da escrita e a conformação da modernidade escolar: Brasil e Argentina, 1880-1940. Revista Brasileira de Educação, Nº 8, maio-ago, 1998, pp. 13-30. VIDAL, D. Cultura escolar: um estudo sobre as práticas escolares de escrita na escola francesa e brasileira no fim do século XIX. In: ALMEIDA, M. (org.) Escola e Modernidade: saberes, instituições e práticas. Campinas, Alínea, 2004, pp. 17-30. VIDAL, D. Da caligrafia à escrita: experiências escolanovistas com caligrafia muscular nos anos 30. Revista da Faculdade de Educação, vol. 24, Nº 1, São Paulo, jan-jul 1998. |
NOTAS |
1Cidade situada na região norte do estado do Rio de Janeiro. Atualmente se chama Campos dos Goytacazes. 2Embora não seja objetivo desse trabalho, é preciso fazer referência a movimentos semelhantes em outros países da América Latina, como a Argentina, na mesma época. 3O Jornal Monitor Campista foi fundado em 04/01/1834, com o nome O Campista, pelos médicos José Gomes da Fonseca Parahyba (Comendador Parahiba) e Francisco José Alyppio. Em 1835 passou a se chamar Recopilador Campista e em 1846, Monitor Campista, com a fusão dos seguintes jornais: Novo Recopilador Campista, O Monitor e o Recopilador Campista. Exercendo a função de “diário oficial” da cidade de Campos dos Goytacazes, é o terceiro jornal diário mais antigo do Brasil. Fonte: Helvio Cordeiro, arquivista do jornal. 4Formada em 1901, com 27 anos, pela Escola Normal Livre, a Profª Antonia Lopes iniciou sua docência em 1904, como regente interina da 11ª escola masculina da cidade de Campos. Em 1913 participou de Curso de Aperfeiçoamento na Escola Normal de S. Paulo, na Praça da República. Na época em que publicou os textos, 1914/1915, no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, exercia o cargo de Diretora da Escola Complementar Quinze de Novembro, na cidade de Campos. 5Na impossibilidade de termo melhor, optamos por esse para designar o documento. Não possui a estrutura de uma carta (inclusive não está datado), nem a estrutura de um documento escolar oficial. 6A Escola Normal de Campos funcionou, de 1894 a 1954, anexa ao Liceu de Humanidades, tradicional instituição que ministra ensino de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Em 1955, o Curso Normal se transferiu para outro prédio e passou a fazer parte do Instituto de Educação de Campos. Para maiores detalhes ver Martinez e Boynard, (2004). 7O professor Carlos Hamberger foi nomeado por ato do Governo de 3 de junho de 1897 para o cargo de professor da cadeira de Caligraphia, Desenho Geometrico e de Ornato da Escola Normal de Campos (dados retirados do Livro de Termos de Afirmação e Posse dos funcionários do Liceu e Escola Normal de Campos -1895 a 1918, p. 10vº. Arquivo Histórico do Liceu de Humanidades de Campos). Foram encontrados documentos que provam que trabalhou na Escola Normal e no Liceu de Humanidades de Campos até, pelo menos, o ano de 1927. 8Referência ao paradigma indiciário, de Carlo Ginzburg. 9Caberia à professora ou professor zelar pela correta postura da criança. 10De acordo com Faria Filho, no ano de 1906 houve uma ampla reforma da Instrução Primária e do Ensino Normal, em MG, onde se adotou a caligrafia vertical como escrita da escola primária. 11Embora a carta de Hamberger não esteja datada, dado o conhecimento de que foi nomeado em 1897 para o cargo de professor da cadeira de Caligraphia, Desenho Geometrico e de Ornato da Escola Normal de Campos e de que há 18 anos ensina a caligrafia inclinada, foi possível inferir que é de 1915. 12Estamos nos referindo às revistas pedagógicas que circularam em determinadas capitais brasileiras com o objetivo de propagar mudanças e novidades no âmbito pedagógico, assim como denunciar ou lutar por melhores condições de trabalho para o professor (Fernandes, 2004). 13Estudos realizados, a partir do ano de 2000, na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), têm resgatado a história da educação fluminense na vertente da Formação de Professores, levantando fontes de pesquisa e dando continuidade a uma ainda tímida historiografia sobre a formação docente nesse estado, posto que muitas das pesquisas empreendidas se limitam ao acontecer na cidade do Rio de Janeiro, ou seja, no antigo Distrito Federal. Estes estudos estão vinculados ao grupo de pesquisa Educação, Sociedade e Região, coordenado por uma das autoras desse artigo, Silvia Alicia Martínez, do Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem (LEEL) do Centro de Ciências do Homem (CCH), que pretende estudar as Instituições Escolares no Norte Fluminense, tendo iniciado com o estudo da Escola Normal de Campos. A outra autora, da mesma instituição, mestre em Educação pela UFF, é integrante do grupo de pesquisa em questão. |